pombo-correio
eu, você e Vanucci embarcando numa trocação SINCERA entre Austrália, Ficção Americana, estatística e sertanejo.
Camisa xadrez, falta de noção estética, desodorante vencido, Antarctica Subzero e um sonho: ir num show do Pearl Jam.
Definitivamente, a vida foi mais fácil entre 2009 e 2011.
Minha amizade com o Vanucci começou no primeiro dia letivo do primeiro ano do ensino médio, fortalecida com DVDs piratas de Naruto, pizzas da Sadia, jogos de Super Nintendo e tragos de Kislla com Tampy Cola.
Os ingredientes formadores de uma boa amizade adolescente eram questionáveis e acessíveis.
Os amigos saíram do colégio e moraram juntos em Santa Maria durante cinco anos, cursaram licenciaturas, cresceram, compraram a luta e o sonho da mudança a partir da arte-educação e — obviamente desgraçados de cabeça — hoje sobrevivem maneirando na bebida, nas crises existenciais e nos embutidos congelados.
Em 2024 a realidade é outra, sim. Mas precisa ser sempre assim?
Usemos esse espaço nós três — eu, Você e Vanucci — para nos indicarmos quaisquer recursos que façam a vida não ser uma eterna espera de prova de concurso público.
É quase um pombo-correio-millennial.
Na primeira semana do mês eu e Nut nos mandamos quatro conteúdos, e o comentário-resposta de cada um deles é exatamente o que tá aqui.
(Caso você não consiga ver/ouvir algo, me chama que a gente dá um jeito.)
Dito isso,
VALD: Happy Camper da Summer Salt — Álbum bom, leve e despretensioso. É como se o Neil Young encontrasse os Gilsons. Tá ligado aquele inverninho com sol que esquenta e esfria? É isso.
NUT: Adorei. Penso que um dos motivos pelos quais os artistas musicais tendem a construir um álbum, é simplesmente para ser ouvido em situações específicas como essa que você citou. Ouvir esse álbum limpando a casa é bom, experimente (limpar a casa também). São 39min, rapidinho. Depois, tu coloca o teu pagode, pode ser?
NUT: Ficção Americana (disponível no Prime Video) — Uma crítica da cultura midiática negra? Não sei, mas o que me pega muito é a noção da realidade individual dos personagens. Durante o filme fiquei perambulando sobre o que está certo e errado, mas SEPA, não seja sobre isso.
VALD: Acabei de assistir agora. Não quero (e nem sei se consigo) formular muita coisa em cima, mas puta que pariu que sátira-drama foda. Concordo contigo, a construção e a profundidade dos personagens é boa demais. Não sei se se caracteriza só como crítica da cultura midiática negra, mas com certeza dialoga na relação entre establishment + mercado + minorias.
Me lembrou do episódio 'B. A. N' de Atlanta (ep7temp1), lembra? Assiste de novo, é um episódio avulso da história principal. E também essa esquete (infelizmente real) do Key & Peele.
Fiquei na pilha de ler o livro que serviu de inspiração.
(Anotei essa frase do filme: “Os brancos acham que querem a verdade, mas na verdade, não querem. Só querem se sentir inocentes.")
VALD: Hadballa dançando no BBB + Hadballa edit — Bro, é final de BBB e Hadson Neri dançando é o meu vídeo favorito da internet. Sério, é a personificação clara da Liberdade, condensada em 25 segundos. O segundo é uma versão edit que também me faz sorrir nos dias sombrios… obrigado Deus por me fazer Hadyballer.
NUT: I’m glad you came (came, came, came…)
Fico emocionado que resgataram a cena do Hadybala ensinando como fazer marcação individual no futebol para as gurias do BBB20. Não é à toa que foi anunciado como técnico no grande Santos do Amapá, mas não pôde estrear. Provavelmente iria adotar a tática do Romário técnico/jogador (a sombra estaria no auge do aeróbico.)
NUT: Pesquisa — Valduga, qual é a média, moda e a mediana usada para caracterizar adolescentes que fumam escondidos dos pais em Palmeira? SABENDO QUE todo cigarro tem gosto de cinza e a sensação é de um casaco de lã de um idoso de vinte anos atrás (nem vou falar de vape aqui).
Existem fórmulas prontas (KKKKKKKKKKKKKKKKKK):
Média - média é média né paizão, foca na aritmética
VALD:
NUT: Carbonise - Rum Jungle — Um pouco de Carbonization? Será que uma música ótima é aquela que dá vontade de cantar? Se for, essa é. Estou ouvindo isso e pensando na situação em que me encontro: na praia, no inverno (não em 5°C com sensação de 0°C), usando calção tactel, sentado em uma cadeira de praia, vestindo uma camiseta folgada, chinelinho do Ben 10, com uma brisa legalzinha.
VALD: Tamo alinhado no som. Curti PRA CARALHO. Me lembrou um pouco o Sticky Fingers e cara… se tu parar pra pensar, acho que os maiores patrimônios da Austrália são o surf-rock e o canguru. Qual seria a fórmula do sucesso? (Talvez praia, dinheiro e qualidade de vida? …é foda, fica até fácil.)
VALD: Bruno & as mil faces de um trago — Sei que você já viu, mas preciso que tu analise COM AFINCO o Bruno nesse clipe. O trago, o mandar calar a boca, o olhar vago, o olho parado, a fala sobre propósitos, o choro, a redenção em timbres agudos e o deplorável slogan fascista no final. (e claro, a cara de "pelo amor de Deus" do Marrone.)
NUT: Isso tem mais informação do que o apartamento do Matheus Costa.
*Marrone, o homem que adora agradecer.
*Vamos falar de nível técnico? A melhor VOZ do brasil!
*O privilégio de sentir a mão suada do Bruno na cara, só o Marrone tem.
*Bruno metendo um “chega de papinho”:
— Obrigado, amigos, colegas que estiveram com a gente, que acompanharam essa trajetória, a nossa aí— SEU GUARDA, EU NÃO SOU VAGABUNDO…
*Bruno CHORANDO é igual o Marrone falando (3:20) - BRIGADUU
Na abertura do texto eu brinquei com a realidade adulta-problemática de 2024 e claro, nem tudo são flores… mas nem tudo é catástrofe também.
Estar presente, se mostrar presente ou justificar as ausências é essencial.
Mandar memes e filmes legais, fofocar sobre os ex-colegas, convidar pra sair, xingá-lo por ter feito merda com o(a) parceiro(a), ajudar na mudança, abraçar o amigo no velório-enterro da mãe, ligar para apoiá-lo na partida do pai, parabenizá-lo na compra do carro e na promoção do emprego, desejar em conjunto o mal dos patrões e inimigos.
Acho que foi o King ou o Hemingway que disse algo do ressoar de um texto. Qual ideia ou pensamento você quer que ressoe do seu texto depois que ele acabe? …É, acho que foi o King, o Hemingway comenta os trabalhos que não permitem conexões e possibilidades de você se relacionar com ele. Não sei se o texto de hoje conecta, mas o que ressoa pra mim, com certeza é a quantia de gargalhadas que eu e o Vanucci demos enquanto montávamos esse escrito.
Estar presente, se mostrar presente ou justificar as ausências.
Esperamos que Hadballa, Dormi na praça e uma equação sirvam para que a nossa amizade se fortaleça.
A de nós três.
Muito obrigado!
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Amizade falsa
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