[grande parte desse texto foi escrito em 10/05/2024]
Meus amigos, como estão? Espero que bem!
Como… como explicar?
É fim de semana, consegui vir pra casa da minha tia, me sinto sem força e frustrado. Lembro que preciso criar pro mostardas e nada me parece importante. Mas não consigo escrever sobre a catástrofe, pelo menos não agora.
Arrumei canetas e algumas folhas de ofício, preparei um cappuccino pronto, forçando a cabeça pro besteirol pra bobajada pro descartável.
Pro lado da lixeira virtual.
E aí, apareceu do fundo dos confins dos algoritmos, um vídeo anunciando que o maior ex-BBB e psicólogo da História, Victor Hugo (sim, ele!), criara seu próprio reality show inteiramente virtual. Fui procurar no instagram e neste exato momento, juro por Deus, Vanucci — já conhecido de vocês — me mandou mensagem.
Estou catatônico e perplecto experienciando a revolução chamada A Bolha.
Bem, não gosto de sinopses e trailers, pulei os vídeos curtos de apresentação do reality e fui pro primeiro episódio. Recriando uma vibe BBB, o… ex-BBB ousou em estrear ao vivo. Mas diferente da plim-plim ou da emissora do pastor, o staff de produção de VH é mais compacto. E o novo mandamento da internet pós-pandemia é claro:
“Se é ao vivo, vai dar merda.”
Na própria edição do Big Brother Brasil 24 vimos Beatriz do Brás (il do Brasil!!) atordoando a existência de Tadeu Schmidt e dos espectadores quando entrava diretamente para todo o país, deixando o piloto da nave-mãe completamente trololó das ideias.
Play na obra de arte e Victor Hugo brada um caloroso “oláááááá, boa nooooite”.
Sorri.
“O reality show que a gente tá esperando, aí ó… desde fevereiro…”
(Estamos?)
Pausei. Pausei. Não me aguentei e tive que pular pros comentários:
Se o Episódio I de Star Wars é A Ameaça Fantasma, aqui Victor Hugo é a própria versão aperfeiçoada do vilão Darth Vader. Sedento por mais de duas horas de conteúdo me aventurei numa galáxia muito, muito distante (e recheada de problemas técnicos).
Victor Hugo já foi chamado de chato, forçado, sem carisma, água de chuchu, inconveniente, fedorento etc. Mas uma coisa você há de concordar: ele é esforçado. Resiliente, bem-humorado, vestindo sorrisos com clareamento e camisas justinhas tom sobre tom. VH enfrentou desistências de quatro competidores no segundo dia de reality e talvez Boninho ou Carelli ficassem desnorteados, mas nunca o herói do povo.
Passamos do boa-noite e nosso host anuncia (num microfone muito estourado) “vinte e quatro participantes incríveis que passaram por várias seletivas ao longo de alguns dias e alguns até meses!”. Você já se pôs na situação de estar sob pressão durante intermináveis sóis e luas para tentar entrar num reality? Aposto que não. Talvez o mais perto disso seja uma prova da polícia federal ou da Petrobras em que o concurseiro enfrenta 400 etapas de exames e bancas.
Primeiro minuto, chamou a “abertura topzeira” (em suas próprias palavras) e pediu para usarmos a hashtag #abolhadoVH nas redes.
Ok. Estou confiante. Vamos, VH. Nos leve para o hiperespaço.
E ele nos guiou.
Eu gostaria de dissecar cada segundo dessa abertura, mas deixo pro expert:
Vanucci: Até meados de 2020 eu adorava reality shows como Rea(l)ove, Are You The One?, The Circle, De Férias com o Ex, A Batalha dos 100 e por aí vai... assim, tu me apresentou algo que eu não consigo.
Você conseguiu. VOCÊ CONSEGUIU!
(Talvez eu seja um canalha por arrastar meu amigo pra dentro duma parada tenebrosa? Talvez.)
VH anuncia que além dos 24 principais divididos em dois grupos, outros 10 competidores aguardavam na Bolha de Vidro a oportunidade de fardar o uniforme de competidor n’A Bolha. Ah, rapidamente, é legal citar que nenhum competidor jamais irá querer estar na mira da eliminação e entrar na Bolha de Chorume (sim). Além da Bolha de Chorume e de Vidro, temos também a Bolha Mestre e a Bolha do Amor. Muitas bolhas e muitas regras (que não decorei).
Os primeiros minutos são de (des)informações e em 02m26s, startando a dinâmica do programa, Victor Hugo faz um jogo de câmera… mas a câmera não joga durante longos segundos. Infelizmente deixei uma gargalhada escapar.
Inclusive, amei a decoração:
Alguns personagens são apresentados e já na introdução, além do ‘olá, Brasil’, nosso Tiago Leifert Legal exige que mesmo sem terem se conhecido, uns alfinetem os outros (por mais que ele mal espere a resposta e tente criar outra briga com a dupla seguinte). Mas como xingar alguém que você conhece apenas pelo perfil do instagram?
É possível, acredite. O War cibernético é real e após a formação dos times os players se comportam como generais de guerra escolhendo os nomes das equipes, comentando seus amores por RBD e a ausência de um adversário fumante(?).
(Estou maravilhado.)
Não focarei no conflito (homem da paz aqui), apenas num resumo rápido dos competidores: digital influencers, cristianismo, propósitos de vida, DJs, Curitiba, possíveis cancelamentos, dicas de beleza, intensidade, desemprego, dívida de vinte mil reais, delay, tia contra sobrinho, França, um começo de relacionamento + término precoce + nova paquera.
Em certo momento Victor expõe o vídeo de uma possível treta entre Max e outro jogador. VH questiona Max e ele responde: “na verdade eu não consegui ouvir nada porque os VTs ficam mudos pra gente”.
Drama.
Não vou mentir: fiquei confuso. Até então me questionei se havia deixado alguns pontos passarem. Tipo: qual é o objetivo, qual é o prêmio, quais são os critérios de admissão, liderança e eliminação?
Não vou mentir: essa caralha tá uma porra.
A primeira vez que VH fala sobre o objetivo do reality é em 29 minutos e 30 segundos, e dois participantes comentam estarem focados no prêmio principal:
um pastel com caldo de cana.
Não, não estou mentindo. Deve ter sido apenas brincadeira deles.
Acredite ou não, uma das provas é pular corda. E nessa verdadeira provação destaco a fala de um competidor (39m28s): “gente… que prova difícil hein, mano?! Eu fiz e refiz várias vezes até que eu comecei a suar demais e o suor começou a cair no meu olho”.
Dor.
Em 45-46min (faltava mais de uma hora e vinte pra acabar…) a edição dá uma deslizada, mas nada que comprometa. Nesse momento temos amostras de humanidade entre competidoras que estavam felizes, pois suas redes cresceriam e as publis apareceriam. As interações seguintes mostravam certa preocupação sobre informações que poderiam vazar para o outro grupo e a bolha furaria (a bolha grupo, não a Bolha reality… me deem um desconto, por favor). As câmeras tremidas, as marcações de treinos na academia, os áudios afetados por ventiladores e a falta de personagens e esclarecimento das regras é incrível. Realmente é.
Todos querem jogar, mas como?
Todos querem ganhar, mas que prêmio?
Victor, Hugo.
(Descobrimos em 01h07m que, a minha favorita, Pâmela Cazeca, sonhou que VH mudava o nome d’A Bolha para A Cura. Intrigante. #sonhospremonitóriosdaPâmela — hashtag criada por outro player. —)
Fiquei um pouco chateado ali em 01h16m na maneira como ele dá uma chamada nos competidores e os ameaça de expulsão, mudando imediatamente o tom fingindo ser só piada ou bobagem. Entristeci, o dark side do nosso Vader me preocupa.
Mas ele é a estrela da morte, não podemos esquecer. Seus cortes secos nas complexas relações onde pergunta (retoricamente) ou critica qualquer sacada inteligente dos participantes mostrando certa inveja faz você acreditar (erroneamente) que Victor Hugo criou um reality em que apenas ele vencerá. Mas calma, uma hora de episódio e a impressão (com falta de ritmo do apresentador) possivelmente está errada. A atenção aqui é plena e requer esforço. Nem toda obra de arte é digerida facilmente.
Em 01h23m a (C)Karina tá pulando corda com uma perna machucada, enquanto VH narra ao fundo a tentativa de prova da competidora lesionada.
Estou falando demais e estou perdido. Que tal falarmos da prova de BEBER ÁGUA (01h35m)?
Vanucci: Vamos lá.
Desafio: Beber água. Adorei, manter a meta diária de 35ml por kg. Porém…
Regra: A pessoa desafia a outra a beber uma quantidade de água, só que não foi especificado limite, beleza? Uma ótima dica para o próximo filme do Jogos Mortais.
A preocupação dos participantes com as advertências do Victor Hugo é surreal. EU TENTNBEOTUIOEBTodeio te odeiomuito muito. Eu não vou ver isso…
…
Bora, vou tentar novamente. Vence quem é eliminado primeiro. Dito isso, Carol ganhou. (Ah meu, eu sei o nome da pessoa, que ódio agoniante.) Estou escrevendo isso com maior tédio possível; a minha indignação de notar qual pessoa vai ser eliminada do reality A BOLHA é algo que me corrói por dentro, me destrói mentalmente como uma fagulha voando e desaparecendo depois de um churrasco muito bem assado pelo vegetariano Matheus Valduga no final de ano.
Victor Hugo decepcionado porque os participantes não querem participar. Novamente, porque eu assisti issooOO?! Rea(l)ove, saudades.
O que o Ruan me representou, tu não tá entendendo. Era para jogar 4 LITROS DE ÁGUA nele mesmo, mas ele se molhou com um total de 50ml na PIA (e não tirou o FONEEE).
(Obrigado pelo elogio, Nut. Sinto que traio um pouco mais os manos vegetarianos toda vez que asso carne pra vocês… mas é do jogo.)
Se lá em cima falei que Pâmela era minha favorita, agora é Carol e Ruan. E se também disse que minha visão sobre VH poderia ser errada, me desculpem. O cara é o crápula que manda a participante beber água — claramente passando mal — enquanto grita “girl power” e “eu testei em casa e dá certo”. Acho que paro por aqui. Victor Hugo disse que o programa é ao vivo nas segundas 21h. Mas já tem três episódios na página do YouTube e lançou nessa semana (?), são 34 participantes, mas apareceram… seis?
Vanucci: “A ideia do nosso programa como um todo é fazer com que as pessoas que estão se capacitando* aqui para serem influenciadores digitais, tenham CONSCIÊNCIA** do que é sair da sua bolha social para conhecer novas realidades. A gente espera também que nesse movimento (?)*** eles também cresçam (a vida é trem-bala)****, não só como influenciadores, mas também como pessoas e como bom exemplos (n’A BOLHA, ok?)*****. Não adianta nada a gente seguir pessoas porque têm conteúdo legal, a gente também precisa de conteúdo que nos agregue, ainda que seja de humor, dá para gente aprender muita coisa (beber água)******” (BOLHA, A).
******grifos e destaques do autor.
Depois dessa citação fica complicado. Vanucci, me desculpa.
…é a melhor-pior coisa que já assisti.
Victor Hugo, eu te odeio.
(#PrayForCarol)
PS: bom demais revisitar esse escrito de quase um ano atrás, ruim demais revisitar o episódio piloto d'A Bolha.
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